19 de junho de 2011

Rotatividade no Varejo

Uma nova visão do turnover

Pesquisa da consultoria Hay Group revela que as empresas do setor começam a intensificar ações para diminuir a alta rotatividade Durante muito tempo, defendeu-se que a estratégia dos super e hipermercados era manter o alto turnover na área operacional para controlar as despesas com folha de pagamento. Afinal, o setor é um dos maiores empregadores do País. Mas uma mudança nessa visão pode estar começando. De acordo com o Estudo de Remuneração do Hay Group, feito em 2010 com as principais redes de varejo do País, 90% das empresas do segmento definiram como estratégia diminuir a rotatividade.
Segundo o levantamento, a área que mais sofre com o turnover continua sendo a operacional. A última pesquisa, porém, indica que o problema é maior nos centros de distribuição, atingindo 51% do quadro anual de pessoas. O percentual supera inclusive o dos cargos operacionais das lojas, com rotatividade de 43%. “No ano passado, o mercado logístico cresceu e contratou muito. Acredito que possa ter havido alguma migração dos profissionais dos CDs do varejo para as empresas especializadas”, explica Lucimar Carvalho, gerente de remuneração da consultoria.

Entre as ações mais utilizadas para conter o problema está a entrevista de desligamento, realizada por 92% das redes participantes. “Ela permite entender onde está o gargalo”, afirma Isabela Ferraioli, consultora do Hay Group. Uma das redes que adotou o procedimento foi a Coop, com 29 lojas no ABC e interior paulista. Lá, o principal problema identificado para a demissão é o horário de trabalho, que inclui sábados, domingos e feriados.
Para reter os colaboradores, a cooperativa tem apostado na criação de programas voltados à qualidade de vida. Um deles é o “Mamãe e Bebê”, criado para orientar as funcionárias grávidas sobre o período de gestação. “As mulheres representam 59% do nosso quadro”, esclarece Angelo Marchetti, gerente de recursos humanos. Outra iniciativa é o desenvolvimento de cardápios light para os colaboradores que necessitam de uma dieta especial indicada por meio de receita médica.
Já o Prezunic, com 30 lojas no Rio de Janeiro, constatou nas entrevistas com funcionários desligados um descontentamento com as lideranças. “Eles apontam como principal problema o despreparo das chefias. Por isso, treinamos nossos líderes na gestão de pessoas, além de adotar como política salários acima da média de mercado”, afirma Ronaldo Pereira Leal, gerente de recursos humanos da rede.
De acordo com o levantamento do Hay Group, as redes também têm implementado novas ferramentas de recrutamento. É o caso do Supermercados Meira, que passou a utilizar testes psicológicos na seleção de candidatos. “Nosso objetivo é valorizar mais os atributos do que a própria experiência profissional”, explica Shalimar Portela, gerente de RH. “Um exemplo: para o cargo de repositor é melhor um profissional com habilidades em manusear objetos, que tenha raciocínio lógico, atenção, dinamismo e comprometimento do que um que apresenta apenas registro em carteira na função.”
Todos esses esforços indicam que algumas empresas começam a enxergar o turnover como um problema e não mais como uma forma de simplesmente conter despesas. Mas só o tempo vai dizer se essa nova visão chegou para ficar.

Sobre o Hay Group e a pesquisaPresente em 47 países, com mais de 2 mil funcionários, o Hay Group é uma consultoria global de gestão que ajuda empresas a implementar suas estratégias. Para apoiar o trabalho, realiza estudos e pesquisas como a de salários no varejo, que SM publicou com exclusividade na edição de março.

Em 2010, 53% das empresas que participaram do Estudo de Remuneração do setor varejista tinham faturamento de US$ 1 bilhão a US$ 5 bilhões; 21% até US$ 500 milhões; 16% acima de US$ 5 bilhões; e 10% entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão.

Do total de respondentes,
* 32% possuíam até 5 mil funcionários;
* 21% de 5.001 a 10 mil;
* 21% entre 10.001 e 20 mil;
* 26% acima de 20 mil.
Os super e hipermercados representaram 37% das redes pesquisadas.
Site do HayGroup: www.haygroup.com/br; telefone: (11) 3525-6100.

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