Os executivos nunca ganharam tanto no Brasil
Os bônus pagos pelas empresas brasileiras praticamente dobraram neste ano e fizeram crescer o time dos executivos milionários
Lucas Amorim, da EXAMERômulo Dias e executivos da Cielo: bônus de 4,5 milhões de reais para ficar dois anos no postoSão Paulo - O ano de 2010 poderia ter sido um tormento para os executivos da Cielo, a maior processadora de cartões do país. Em julho do ano passado, a exclusividade das bandeiras de cartão de crédito com as credenciadoras caiu por terra — como todas as maquininhas instaladas no varejo passaram a aceitar todos os cartões, a concorrência disparou.
Os executivos nunca ganharam tanto no Brasil
Os bônus pagos pelas empresas brasileiras praticamente dobraram neste ano e fizeram crescer o time dos executivos milionários
Rômulo Dias e executivos da Cielo: bônus de 4,5 milhões de reais para ficar dois anos no posto
Mas nem isso foi suficiente para manter os headhunters longe. Num período de apenas oito meses, oito dos 24 diretores da Cielo deixaram o cargo — uma rotatividade também recorde. A sangria precisava ser estancada.
Ainda assim, a Cielo faturou 4,5 bilhões de reais, um crescimento de 9% em relação a 2009, explicado sobretudo pela explosão do consumo no país. Isso teve um efeito direto na remuneração dos executivos da empresa: eles nunca ganharam tanto dinheiro. Os bônus pagos aos seis principais profissionais foram de 5,9 milhões de reais, mais que o dobro do ano anterior.Como acontece com a maior parte das empresas de serviços, a Cielo depende fundamentalmente de gente apta, treinada e motivada. As circunstâncias de um mercado aquecido levaram a companhia a mudar um sistema de remuneração que, até então, parecia perfeito.Para encontrar a melhor saída, a Cielo analisou o modelo de 30 companhias dos mais diversos setores. As mudanças começaram no início deste ano. O primeiro passo foi aumentar o número de profissionais que podem receber pacote de incentivos de longo prazo.Além dos 110 ocupantes de cargos-chave que já eram elegíveis ao programa, outros 50 funcionários de diversos níveis hierárquicos passaram a ter direito de sacar uma bolada, num programa que mescla ações e opções e é resgatável a partir de 2013. O modelo também ficou mais agressivo para o presidente Rômulo Dias e para os cinco vice-presidentes da companhia.Até o ano passado, eles tinham direito a um pacote que incluía salário, bônus anual e ações que, somados, renderam cerca de 17 milhões de reais.Neste ano, somou-se à bolada um bônus bianual de 4,5 milhões de reais, atrelado a metas de resultado, com o objetivo de segurar o pessoal por pelo menos dois anos.Se tudo ocorrer como planejado, juntos, eles deverão receber 24,9 milhões de reais no início de 2012. “Se a empresa cresce, é natural que os pacotes de remuneração avancem junto”, afirma Rômulo Dias.
Por muito tempo, pacotes de remuneração agressivos eram exclusividade de algumas poucas companhias tradicionalmente ligadas aos sistemas de metas e resultados, como a Ambev. Hoje, o sistema pode ser considerado um padrão.A quantidade de zeros à direita no contracheque dos executivos da Cielo impressiona, mas já não é exceção no ambiente empresarial brasileiro. Até recentemente, podia-se contar nos dedos o número de profissionais que ganhavam 1 milhão de reais por ano.Um levantamento exclusivo da consultoria de recursos humanos Hay Group com 296 companhias com operação no Brasil mostra que o clube dos executivos milionários não para de crescer.Em 2011, 1 630 dos 4 000 presidentes, vice-presidentes e diretores pesquisados receberam mais de 1 milhão de reais entre bônus, salários e ações.É um aumento de 33% em relação ao ano passado, e o triplo do volume registrado em 2007 (veja quadro). Na média, existem hoje cinco milionários por empresa.Essa mudança de patamar é reflexo de um ano de crescimento histórico do país. Em 2010, a economia brasileira avançou 7,5%, a maior taxa dos últimos 25 anos.Em meio a esse cenário, os bônus anuais praticamente dobraram — em média, cresceram 90% no caso dos presidentes e 97% para os diretores — e representaram 39% da remuneração total dos executivos no país.Salários e incentivos de longo prazo também avançaram, mas não na mesma proporção. (A exceção fica por conta dos casos em que foi preciso contratar altos executivos no mercado — as empresas tiveram de pagar 40% a mais para presidentes recém-chegados em relação ao que pagavam a seus antecessores.)Em geral, as companhias prometem dobrar os bônus caso os executivos consigam ultrapassar as metas, o que costuma acontecer apenas em condições excepcionais. É notável que, em 2010, metade das empresas pesquisadas pelo Hay Group tenha pago a aposta.“Para as empresas que estabelecem as metas corretas, atrelando o resultado dos executivos ao lucro, por exemplo, pagar mais não é problema”, diz Darcio Crespi, sócio da empresa de recrutamento Heidrick & Struggles. MeritocraciaPode-se dizer que 2010 foi um ano que levou a prática da meritocracia às últimas consequências. Se as empresas crescem mais do que o previsto, todos os executivos recebem um pedaço maior do bolo.A Localiza, maior locadora de automóveis do país, é um exemplo. No ano passado, seu faturamento superou as expectativas e cresceu 37% em relação a 2009.Consequentemente, o bônus pago aos 4 530 funcionários também subiu de 25 milhões de reais para 35 milhões. A maior parte, é claro, ficou com o topo da hierarquia.Cerca de 7 milhões de reais foram divididos entre o presidente Eugênio Mattar e seus cinco diretores estatutários — um aumento de 66% em relação ao ano anterior.Caso alcance os objetivos previstos para 2011, esse grupo vai dividir um montante ainda maior no início do ano que vem: 11 milhões de reais. Para chegar lá, basta manter o desempenho do primeiro semestre, quando a receita da Localiza cresceu 28%.O dinheiro para pagar os bônus do próximo ano já está, inclusive, separado pela companhia. “Esse valor vai sendo ajustado ao longo do ano, se percebemos que a meta pode ser ultrapassada até um limite de 130%”, diz Mattar.
Ainda assim, a Cielo faturou 4,5 bilhões de reais, um crescimento de 9% em relação a 2009, explicado sobretudo pela explosão do consumo no país. Isso teve um efeito direto na remuneração dos executivos da empresa: eles nunca ganharam tanto dinheiro. Os bônus pagos aos seis principais profissionais foram de 5,9 milhões de reais, mais que o dobro do ano anterior.
Como acontece com a maior parte das empresas de serviços, a Cielo depende fundamentalmente de gente apta, treinada e motivada. As circunstâncias de um mercado aquecido levaram a companhia a mudar um sistema de remuneração que, até então, parecia perfeito.
Para encontrar a melhor saída, a Cielo analisou o modelo de 30 companhias dos mais diversos setores. As mudanças começaram no início deste ano. O primeiro passo foi aumentar o número de profissionais que podem receber pacote de incentivos de longo prazo.
Além dos 110 ocupantes de cargos-chave que já eram elegíveis ao programa, outros 50 funcionários de diversos níveis hierárquicos passaram a ter direito de sacar uma bolada, num programa que mescla ações e opções e é resgatável a partir de 2013. O modelo também ficou mais agressivo para o presidente Rômulo Dias e para os cinco vice-presidentes da companhia.
Até o ano passado, eles tinham direito a um pacote que incluía salário, bônus anual e ações que, somados, renderam cerca de 17 milhões de reais.
Neste ano, somou-se à bolada um bônus bianual de 4,5 milhões de reais, atrelado a metas de resultado, com o objetivo de segurar o pessoal por pelo menos dois anos.
Se tudo ocorrer como planejado, juntos, eles deverão receber 24,9 milhões de reais no início de 2012. “Se a empresa cresce, é natural que os pacotes de remuneração avancem junto”, afirma Rômulo Dias.
A quantidade de zeros à direita no contracheque dos executivos da Cielo impressiona, mas já não é exceção no ambiente empresarial brasileiro. Até recentemente, podia-se contar nos dedos o número de profissionais que ganhavam 1 milhão de reais por ano.
Um levantamento exclusivo da consultoria de recursos humanos Hay Group com 296 companhias com operação no Brasil mostra que o clube dos executivos milionários não para de crescer.
Em 2011, 1 630 dos 4 000 presidentes, vice-presidentes e diretores pesquisados receberam mais de 1 milhão de reais entre bônus, salários e ações.
É um aumento de 33% em relação ao ano passado, e o triplo do volume registrado em 2007 (veja quadro). Na média, existem hoje cinco milionários por empresa.
Essa mudança de patamar é reflexo de um ano de crescimento histórico do país. Em 2010, a economia brasileira avançou 7,5%, a maior taxa dos últimos 25 anos.
Em meio a esse cenário, os bônus anuais praticamente dobraram — em média, cresceram 90% no caso dos presidentes e 97% para os diretores — e representaram 39% da remuneração total dos executivos no país.
Salários e incentivos de longo prazo também avançaram, mas não na mesma proporção. (A exceção fica por conta dos casos em que foi preciso contratar altos executivos no mercado — as empresas tiveram de pagar 40% a mais para presidentes recém-chegados em relação ao que pagavam a seus antecessores.)
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