27 de novembro de 2011

CSD com o "Pé no acelerador " - Transparência e Produtividade.


Como obter recursos para expansão

Por Alessandra Morita - 22/11/2011

Cinco supermercados contam o pulo do gato para viabilizar seus planos de abetura de lojas. Veja as vantagens e desvantagens dos modelos adotados.

A CSD (Companhia Sulamericana de Distribuição), com vendas de R$ 677,4 milhões no ano passado, conseguiu o que poucas empresas conseguem: superar seus planos mais ousados de expansão. Embora tivesse planejado abrir cinco lojas neste ano e outras três em 2012, já ergueu sete unidades, totalizando 36 filiais distribuídas nos Estados do Paraná, de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Para viabilizar a construção desses supermercados, a CSD fechou uma sociedade com o fundo de private equity Actis, que injetou R$100 milhões na rede. "Com essa opção, conseguimos crescer mais rápido do que o previsto e sem nos endividar. Mais ainda: com a parceria ganhamos know-how em práticas de governança corporativa, o que torna a empresa mais transparente e eficiente", esclarece Carlos Cardoso, CEO da companhia.

Ao buscar formas de crescer com maior velocidade, o executivo está olhando para o futuro da empresa. Ele quer o que todo varejista deseja: ganhar escala na negociação, logística, marketing e operação. Com o consumo em alta e perspectivas de crescimento ainda maior da classe média, as redes tiraram da gaveta seus projetos de expansão. Para torná -los realidade, contudo, nem todas têm conseguido captar recursos ou encontrar formas de viabilizar as novas lojas. Os meios tradicionais, como empréstimos no mercado financeiro e por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), continuam sendo uma opção. Mas já existem outras alternativas tão ou mais atraentes, como as encontradas pela CSD e por empresas que optaram por fusões, novos sócios e investidores imobiliários (o chamado built to suit – uma operação na qual um ou mais investidores compram o terreno, constroem a loja e cobram por ela um aluguel para cobrir seus investimentos). Há inclusive casos de varejistas que trabalham com todas essas alternativas ao mesmo tempo.
 PRIVATE EQUITY
De olho em quem cresce rápido
Esses investidores se interessam principalmente por empresas cuja perspectiva seja de crescimento rápido. Quem explica é Eduardo Coutinho, professor de finanças do Ibmec -MG. “Quando ingressam numa companhia, já estão prevendo sua data de saída”, afirma. Isso significa que os fundos de private equity precisam fazer seu lucro entre o início da sociedade e o período marcado para sua saída. “Essa retirada, muitas vezes, acontece após a abertura de capital das empresas das quais são sócios”, afirma Coutinho. Ou seja, sua saída se dá pela venda de ações na bolsa de valores. A maior vantagem de ter um fundo como sócio é acesso a dinheiro mais barato, enquanto o risco é a necessidade de realizar rápido o retorno sobre o investimento.

INVESTIDOR TAMBÉM É DONO DA EMPRESA
O importante é saber qual o modelo mais indicado para a empresa. Cada um apresenta vantagens e riscos, além de levar a mudanças na estrutura ou na sua organização. Na CSD, a Actis passou a ser dona de 29% da empresa a partir da assinatura do acordo, em setembro do ano passado. Dois representantes do fundo também entraram para o conselho de administração da companhia. Assim como os demais membros, eles zelam pelo bom andamento da companhia, analisando as estratégias e acompanhando os resultados. "Mas eles não estão na gestão do dia a dia", afirma Cardoso.
Segundo o executivo, a sociedade com um fundo de private equity facilita inclusive captar recursos de outras formas. Devido à maior transparência nos resultados, é possível conseguir de maneira rápida não só empréstimos pelo sistema financeiro tradicional, mas também acesso a operações do BNDES e o built to suit. No caso da CSD, a entrada da Actis facilitará ainda abrir capital para negociar ações na bolsa de valores, também com o objetivo de captar recursos a um custo menor. Isso num prazo estimado de cinco anos. "Claro que tudo dependerá do momento econômico e do apetite do mercado por ações, mas sabemos que é preciso crescer mais", explica o CEO da rede. Não é à toa que a CSD está com o pé no acelerador. Para este ano, estima faturar R$ 900 milhões (anualizados) – 33% mais do que em 2010. E, no ano que vem, planeja ingressar no privilegiado grupo que movimenta mais de R$ 1 bilhão/ano.

FÔLEGO PARA MULTIPLICAR O TAMANHO
Outra rede em ritmo acelerado é a Coop, 29 lojas. No planejamento de longo prazo, quer abrir entre duas e três unidades por ano para garantir competitividade num mercado difícil, o da Grande São Paulo e interior do Estado. A opção para viabilizar esse plano é o built to suit. Há vários modelos dessa operação hoje no mercado, mas no adotado pela rede o investidor constrói o prédio bruto, enquanto a própria cooperativa se encarrega das instalações internas e acabamento.
"Para 2012, já temos uma loja programada para construção no sistema built to suit", afirma Marcio Valle, vice -presidente da Coop. Desde 2000, já foram erguidas oito unidades dentro desse conceito. Segundo Valle, como não é preciso destinar recursos para compra e construção do imóvel, a rede tem mais fôlego financeiro para abertura de um número maior de unidades no curto prazo – algo interessante do ponto de vista de ocupação de mercado.
O modelo também traz benefícios para empresas que, como a Coop, gozam de credibilidade devido à sua solidez. Nesse caso, as taxas de retorno cobradas pelo investidor imobiliário – que geram o valor do aluguel a ser cobrado – costumam ser atraentes para o varejo em função do risco menor de calotes. "Outra vantagem é que os aluguéis pagos ao investidor podem ser contabilizados como despesa e, portanto, conferem alguma vantagem tributária, uma vez que são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda", acrescenta Valle.
 BUILT TO SUIT
Vários modelos de operação
Existem vários modelos desse tipo de operação, que precisam ser definidos em contrato entre as partes. Uma forma é quando o investidor compra o terreno e se encarrega de construir as instalações – loja e galerias comerciais. Outra é quando o supermercado se encarrega da construção. “Isso só é interessante se o supermercadista conseguir negociar os materiais em melhores condições do que o parceiro”, explica André Cywinski, sócio da consultoria Tecnovarejo. Em ambos os casos, o investidor cobra um aluguel do supermercado a partir do momento em que este começa a usufruir da estrutura. Márcio Valle, vice-presidente da Coop, lembra que os investidores conseguem negociar melhor os preços dos terrenos, porque atuam direto no mercado imobiliário, além de terem know-how para liberar os projetos nas prefeituras mais rapidamente. Entre os riscos, ele cita o prazo de conclusão da obra, que é prioritária para o varejo, mas pode emperrar junto ao investidor, se ele precisar diminuir os custos da construção. “É necessário também ficar atento à qualidade da obra, já que qualquer transtorno pode prejudicar a operação do supermercado”, lembra o vice-presidente da Coop. Convém lembrar ainda, diz Cywinski, que o built to suit pode se tornar mais interessante a partir de agora, uma vez que o preço dos imóveis chegou ao seu limite e a procura sofreu um certo arrefecimento devido às medidas restritivas de crédito implementadas pelo governo. Ao analisar prós e contras, fica mais fácil decidir.

Um comentário:

  1. Excelente artigo, Alexandre! E parabéns ao Carlos pela visão e capacidade de crescer de forma planejada e inteligente, além de todos vocês que viabilizam o sucesso dessa operação.

    Grande abraço!
    Adriano Berger

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